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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Como eu seria feliz, se eu fosse feliz.
Afinal, o que é felicidade?
Uma frase atribuída a Woody Allen: Como eu seria feliz, se eu fosse feliz!
Será um segundo de vida que não queremos que acabe?
Uma boa maneira de reconhecer um momento feliz é quando não queremos que acabe ou não temos dúvidas de que valeu muito a pena e queremos repetir.
Divagando em meus pensamentos, reconheci a felicidade como uma ocorrência transitória, não vem sempre e também não fica para sempre.
A realidade é que estamos em busca da felicidade como se ela fosse eterna, permanente e percebemos que somente a transitoriedade é permanente a felicidade é eventual.
Na vida, seguimos desejando aquilo que ainda não temos, aquele emprego dos sonhos, próspera conta bancária, o carro do ano que ainda nem foi lançado ou quem sabe um amor recíproco arrebatador.
O pensamento é recorrente, quando eu conseguir tal coisa serei feliz!
Seguimos desejando e quando conseguimos, nos acostumamos, nos adaptamos e passamos a desejar outras coisas e assim, vida que segue.
Platão há mais de 2500 anos e Schopenhauer com a teoria do pêndulo do desejo já diziam que o ser humano vive desejando algo.
Schopenhauer, deixou teorias esparsas sobre felicidade: “assim como o caminho que percorremos fisicamente sobre a terra é apenas uma linha, e não uma superfície, na vida, quando queremos agarrar e possuir algo, devemos deixar muitas coisas à direita e à esquerda e renunciar a diversas outras. E, se não soubermos lidar com tal fato e, ao contrário, tentarmos pegar tudo o que nos atrai pelo caminho, como crianças na feira, é porque temos a aspiração insensata de transformar numa superfície a linha de nossa vida, corremos, então em ziguezague, vagando aqui e ali como fogos-fátuos e não conseguimos nada.”
Pois é, Schopenhauer não sonhava com a facilidade do mundo virtual de hoje e já constatava a eterna insatisfação do ser humano, imagina hoje, tudo é tão rápido, tão acessível.
O mundo nos apresenta muitas facilidades, um farto cardápio de tudo, basta baixar um aplicativo e em minutos, você tem a mão a comida preferida, o livro desejado, existe um cardápio até para o mundo dos afetos , que o diga os aplicativos de relacionamentos.
Se não der certo esse, vamos para o próximo e se não der certo também, vamos para o próximo e assim, sucessivamente.
É ai que nos damos conta que não é somente nós que consumimos, mas que também somos um objeto de consumo, e o pior, dada a quantidade de oferta, um cardápio de gente oferecida a granel.
Relações vazias, como diria Bauman, liquidas! As pessoas aparecem e somem da sua vida com a mesma rapidez, gente descartável...
A escolha! Não é difícil encontrar aquele casado que depois de se acostumar fica pensando que talvez, se estivesse solteiro estaria mais feliz, e por sua vez o solteiro que deseja um casamento... Ah!! Se eu tivesse uma companhia estaria mais feliz, e o namoro? Também sofre desse mal.
Há um grande paradoxo, focamos na falta, o que deixamos para trás!
A realidade é que que se eu tivesse escolhido outro filme, outra comida, ou outro parceiro amoroso eu seria mais feliz?
Escolhemos a insatisfação em vez de viver e sentir de fato a nossa escolha.
Triste constatação, a tendência é só valorizarmos as pessoas quando a perdemos.
Um ente querido, o amor da nossa vida, nos adaptamos com a convivência e a sua presença é natural, não mais desejo, eu já tenho, e aí, essa pessoa que já não é novidade, um dia vai embora e só com a falta nos damos conta do que perdemos.
Como lidar com isso?
Por que não apreciamos o momento agora, porquê ficamos pensando no que deixamos para trás, ou num futuro que é apenas “futuro” “expectativa”.
Não há nada de errado pensar no futuro, só não devemos esquecer de viver o presente, apreciar o agora, quando não temos nenhuma ideia do que está acontecendo ou juízo de valor, talvez conseguíssemos viver a verdade, o que acontece de fato, sentir todos os sabores, todas as emoções de forma consciente, com entrega, mais ou menos assim: “Aqui , agora é exatamente o lugar onde eu escolhi estar”.
Na vida precisamos entender sobre nossos desejos o que é ou não importante.
Entender o que importa é a chave para uma vida melhor.
Sabe, sempre acreditei que o que mais importava na vida era a vida, até que um dado momento minha filha com poucos meses de vida teve um problema de saúde muito grave e encontrava-se no leito de um Hospital em coma, entre a vida e a morte.
Desesperadamente, pedi a Deus pela vida daquela pequena que acabara de chegar ao mundo, pedi com toda fé que Deus levasse a minha vida e poupasse a dela, não me importava de fato, meu amor naquele momento era muito maior que qualquer coisa , trocaria sim, sem titubear minha vida pela dela, naquele momento percebi que nada, nada na vida era mais importante que amor.
Enfim, Deus não fez a troca comigo, mas permitiu que minha pequena sobrevivesse e um dos momentos mais felizes da minha vida foi quando cheguei em casa com ela em meus braços.
Sim, um momento feliz que eternizei em meu coração, ficou e está vivo aqui dentro, ela cresceu forte saudável, a presença não é tão constante, mas o amor não é transitório, nem vulnerável.
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Ser grato por nossas conquistas, por nossos familiares, pelo emprego, pelos amigos, por tudo de bom e até mesmo pelos momentos difíceis que certamente contribuem muito para nosso crescimento. Ser grato também é uma forma de amor.
ResponderExcluirEu diria que o sofrimento é muito pedagógico!
ResponderExcluirE sim Tiago, compartilho da mesma opinião, a gratidão pelo passado, presente é uma forma de amar...